A importância da fonoaudiologia no tratamento da recusa alimentar infantil
Postado em: 25/04/2018
Nos primeiros anos de vida, o crescimento, o desenvolvimento e a boa saúde dependem fundamentalmente de uma alimentação saudável e de hábitos corretos consolidados durante os períodos da alimentação materna, da alimentação mista e da alimentação escolar. Não só na questão nutricional, tão conhecida, mas também no que diz respeito ao processo de alimentação que vai além das funções orofaciais. A alimentação é um processo interativo que depende das habilidades e características de ambos: pais e criança. É preciso fazer com que a criança aprenda a gostar de comer e, para isso acontecer, as refeições precisam ser divertidas, relaxantes e um momento para a família desfrutar da companhia uns dos outros. Uma relação alimentar saudável é essencial para a nutrição e o crescimento.
“Quanto mais cedo houver o diagnóstico e o acompanhamento interdisciplinar, mais eficaz será o resultado com a intervenção fonoaudiológica”, sintetiza a fonoaudióloga e doutoranda em Ciências Pneumológicas (UFRGS), Patrícia Diniz (CRFa 7-6011). A profissional ressalta ainda que os fonoaudiólogos que atuam com bebês e crianças com dificuldades alimentares têm como objetivo melhorar a relação dos mesmos com a boca, com o alimento, além da relação dos pais com a criança, no momento da refeição. “Todos estão fragilizados com o entorno do momento da refeição, então é preciso reconstruir a confiança, conquistar prazer, curiosidade e conforto oral. Desta forma e dentro dos limites de cada riança é possível evoluir em termos de volume, transição de utensílios, consistência e textura”, acrescenta Diniz.
É historicamente comum a preocupação apenas nutricional com bebês que recusam o leite materno ou o stress periódico de pais para que as crianças se alimentem. O conhecimento mais completo de distúrbios relacionados à recusa alimentar ainda é novo. “Estudos na literatura mostram que as dificuldades alimentares são comuns na infância, podendo afetar 50% das crianças independente do sexo ou de questões socioeconômicas. Observa-se o aumento no número de estudos sobre este tema nos últimos anos, porém ainda existem lacunas na literatura”, explica a fonoaudióloga Chenia Caldeira Martinez (CRFa 7-9473), na sua tese de Doutorado (2018).
Por meio de abordagens de intervenção amplas e integrativas, o fonoaudiólogo é componente importante na equipe interdisciplinar que auxiliará no processo alimentar, intervindo no processo de alimentação e sempre com a participação da família desde o momento do nascimento da criança. “A alimentação infantil é um dos temas que mais geram dúvidas para os pais, ainda há quem diga que o fato da criança não comer, é manha,” ressalta Martinez.
Ela enfatiza que muitas crianças chegam no consultório com problemas agravados pela demora de atendimento especializado.
Buscar informações pela internet está se tornando uma prática cada vez mais rotineira, porém ao realizar uma pesquisa virtual, as principais respostas sobre recusa alimentar ainda são os problemas gastrointestinais. “A família não se dá conta que as questões orais e sensoriais são uma grande fatia no que diz respeito à alimentação infantil. Precisamos que esta mesma família saia da maternidade sabendo que o fonoaudiólogo é o profissional capacitado que poderá ser útil em todas as fases da vida, e que tirar dúvidas com ele é a melhor forma de prevenção”, completa Diniz.
A alimentação do ser humano deve sempre se dar de forma prazerosa, em qualquer etapa, principalmente quando se trata da criança. Se existir em algum momento uma mudança de comportamento a família deve procurar a ajuda profissional do fonoaudiólogo.
Fonte: Conselho Federal de Fonoaudiologia